O Masters certamente é um dos principais eventos da temporada. Distribuindo até 1800 pontos nos Rankings Mundial e Olímpico, a edição de 2023 contou com 419 atletas (Top-36 das 14 categorias da IJF WRL) de 59 países. Veremos algumas análises dos/as campeões/campeãs neste evento:
Cabeça-de-chave
Enquanto todas as campeãs nas categorias do sexo feminino estavam posicionadas como cabeças-de-chave, somente três campeões nas categorias masculinas tiveram esta vantagem no sorteio.
Entre os quatro campeões que não foram cabeças-de-chave em suas categorias, Hashimoto e Turoboyev já haviam conquistado medalhas em eventos de nível mundial, ao passo que Tanaka subiu no pódio em três Grand Slam; a "surpresa" foi o finlandês Puumalainen, que conquistou sua primeira medalha em eventos neste nível (seu melhor resultado anterior havia sido um bronze no Zagreb Grand Prix 2021).
O "underdog" Martti Puumalaine foi um dos quatro campeões que não estavam posicionados como cabeça-de-chave. |
Percentuais de vantagens de atletas cabeças-de-chave (eixo Y) conquistarem medalhas de ouro (linha azul), avançarem para as quartas-de-finais (linha laranja) e conquistar medalhas (linha verde) conforme seu posicionamento (eixo X), publicado no estudo Seed Advantage in sport competitions: the case of professional judo (Brunel, 2022). |
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Técnicas de projeção (nage-waza) efetivas
Todos/as atletas que conquistaram medalhas de ouro no Masters 2023 pontuaram com nage-waza, sendo que nove atletas conquistaram pontos projetando com 3 ou mais técnicas diferentes.
Médias e intervalos de confiança 95% da quantidade das técnicas de projeção efetivas dos/as campeões/campeãs do Masters 2023. |
Um exemplo deste grupo de atletas com maior variabilidade neste aspecto técnico-tático foi o japonês Ryuju Nagayama (60kg), que conquistou seis pontos com técnicas de nage-waza projetando seus oponentes com 4 técnicas diferentes: suwari-sode-tsurikomi-goshi, ura-nage, eri-ippon-seoi-nage e sumi-otoshi.
Direções de desequilíbrio em nage-waza efetivas
Entre este grupo de medalhistas, a maior parte (4 campeões e 4 campeãs) conquistou pontos projetando em duas direções de desequilíbrio. Dois homens e duas mulheres medalhistas de ouro pontuaram "triangulando" efetivamente seus ataques, projetando em três direções de desequilíbrio.
Médias e intervalos de confiança 95% da quantidade de direções de desequilíbrio efetivas entre os/as campeões/campeãs do Masters 2023. |
O uzbeque Muzaffarbek Turoboyev foi um dos campeões que pontuou projetando com sistema de ataque em triângulo (3 direções de desequilíbrio).
Configurações de kumi-kata
Dez atletas deste grupo de medalhistas utilizaram de 2 a 3 configurações de kumi-kata diferentes nas técnicas de projeção que geraram pontuações.
Médias e intervalos de confiança 95% da quantidade de configurações de kumi-kata efetivas entre os/as campeões/campeãs do Masters 2023. |
A canadense Jessica Klimkait projetou cinco vezes na mesma direção (frente direita) com variações de suwari-seoi-nage. Mas, sua variabilidade técnico-tática fica evidente nas configurações de kumi-kata que consegue ter para realizar estes ataques, tendo sido efetiva com 3 configurações: kumi-kata tradicional, kumi-kata cruzado na gola e kumi-kata nas duas mangas (manga-manga)
Formas de ataque em nage-waza
Novamente, a maior parte (4 homens e 4 mulheres) conquistou pontuações projetando com 3 ou mais formas de ataque diferentes.
Médias e intervalos de confiança 95% da quantidade de formas de ataque efetivas entre os/as campeões/campeãs do Masters 2023. |
As formas de ataques mais frequentes entre este grupo de medalhistas foram:
- Dominando/com kumi-kata estabilizado: 15 pontos
- Kaeshi-waza/contragolpes: 13 pontos
- Ataques durante a disputa de kumi-kata: 13 pontos
- Go-no-sen/ataque logo após um ataque do oponente: 6 pontos
- Ataque imediatamente após estabelecer o kumi-kata: 5 pontos
- Renraku-henka-waza/sequência de golpes: 2 pontos
- Ataque quando uma mão estabilizada no judogi do uke, executando a técnica quando a segunda mão toca no oponente: 2 pontos
A francesa Amandine Buchard foi uma das atletas que pontuou com maior variabilidade em nage-waza neste evento. Nos sete pontos que conquistou, variou as técnicas (4 diferentes), as direções de desequilíbrio (3 direções), as configurações de kumi-kata (3 configurações), bem como projetou com 5 formas de ataque em nage-waza diferentes.
Formas de transições tachi-waza para ne-waza
Quatro campeões e cinco campeãs pontuaram com técnicas de domínio no solo (katame-waza), mas apenas 3 destes atletas (2 mulheres e 1 homem) apresentaram variabilidade neste aspecto técnico-tático, pontuando com 2 ou 3 formas diferentes de transição para ne-waza.
Médias e intervalos de confiança 95% da quantidade de formas de transição efetivas entre os/as campeões/campeãs do Masters 2023. |
As formas de transições que geraram mais pontos entre estes/as atletas foram:
- Transição oportunista: 5 pontos
- Transição sequencial: 4 pontos
- Transição direta: 3 pontos
- Continuação no ne-waza (sequência de passagens): 1 ponto
Wakana Koga foi a campeã que conquistou mais pontos com técnicas de domínio (3 pontos). A japonesa usou 3 formas de transição diferentes nestas ações efetivas no ne-waza.
Outro aspecto interessante foi que metade dos medalhistas de ouro do Masters 2023 (4 homens e 3 mulheres) pontuou com juji-gatame.
Nota: Os dados, fotos e gifs apresentados neste post foram coletados a partir dos vídeos disponíveis no site ijf.org. As informações apresentadas são uma análise descritiva, com valores absolutos e/ou relativos de alguns aspectos analisados nos vídeos disponíveis. Ainda que tenham sido apresentados alguns comentários, cabe ressaltar que não foram realizadas análises de probabilidade ou análises estatísticas inferenciais.
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