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WORLD SENIOR CHAMPIONSHIP 2017: Pegadas e transições dos 14 campeões

Em uma segunda análise da variação técnico-tática dos campeões mundiais de 2017, este post apresenta os tipos diferentes de pegadas e transições no solo.

Diversos estudos (veja leituras sugeridas abaixo) têm buscado analisar as variáveis kumi-kata e transição em pé para o solo em atletas de diferentes níveis.

Alguns levantamentos realizados com atletas de base da seleção brasileira de judô também vêm buscando registrar estas variações técnico-táticas, via análises notacionais com software específico ou instrumentos mais simplificados que permitem análises em sessões de treinamento (veja neste link).

Em relação às pegadas, a análise abaixo considerou as seguintes possibilidades:

  • Tradicional: uma mão na gola e uma mão na manga (forma clássica)
  • Alta: mão da gola por trás do pescoço do adversário ou nas costas (conhecida como "patolada")
  • Cruzada: mão da gola segurando do mesmo lado da mão da manga 
  • Cinturada: mão da gola segurando na altura da cintura do adversário
  • Manga e manga: duas mãos segurando nas mangas direita e esquerda do adversário
  • Gola e gola: duas mãos segurando nas golas direita e esquerda do adversário
  • 1 manga: tori segurando apenas em uma manga do adversário antes de atacar
  • 1 gola: tori segurando apenas em uma gola do adversário antes de atacar


Figura 1: Quantidade de pontuações conquistadas via técnicas de projeção (nage-waza) e configurações de pegadas utilizadas nestes ataques dos atletas campeões mundiais sênior de 2017. 


Figura 2: Tipos de configurações de pegadas utilizadas nas técnicas de projeção efetivas dos atletas campeões mundiais sênior de 2017.


Nota-se que apenas dois atletas (Riner e Wolf) conquistaram todas suas pontuações a partir do mesmo tipo de pegada. Mais da metade dos campeões pontuaram com 3 ou 4 configurações de pegadas diferentes.

Figura 3: Pontuações com diferentes configurações de pegadas utilizadas por todos atletas campeões mundiais sênior de 2017.


Ao analisar todas as técnicas dos campeões, observa-se que mais da metade das pontuações obtidas neste grupo de atletas foram com as configurações de pegada tradicional (32%) e pegada alta (22%).



Na análise das formas de transição nos ataques no solo (katame-waza), foram consideradas as seguintes opções:
  • Nas costas: passagens realizadas com o adversário posicionado com a face para baixo (decúbito ventral)
  • Direta: técnica de domínio realizada logo após projetar o adversário (geralmente imobilização)
  • Após ataque falho do adversário: passagens realizadas logo após o adversário realizar um ataque ajoelhado ou com técnicas de sacrifício
  • Guarda: passagens realizadas na posição de guarda. 


Figura 4: Quantidade de pontuações conquistadas via técnicas de domínio (katame-waza) e tipos de transições de solo utilizadas nestes ataques dos atletas campeões mundiais sênior de 2017.


Tonaki e Riner se destacam dos demais campeões em relação à quantidade de pontuações conquistadas via transições no solo, ambos utilizando duas formas de transições para pontuar.

Figura 5: Pontuações com transições no solo utilizadas por todos atletas campeões mundiais sênior de 2017.


Analisando todas as transições efetivas dos 14 campeões, as transições nas costas, diretas e após ataques falhos dos adversários ocorreram com a mesma frequência (4 vezes). Contudo, ao observar novamente a figura 4, verifica-se que a transição após ataque falho do adversário foi utilizada por 4 atletas (Shishime, Wieczerzak, Majdov e Arai).




LEITURAS SUGERIDAS

Miarka, B. et al. 2010. Técnica y táctica en judo: una revisión. <http://revpubli.unileon.es/index.php/artesmarciales/article/view/139/106>

Calmet, M.; Miarka, B.; Franchini, E. Modeling graps in judo contests. <http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/24748668.2010.11868518>

Pierantozzi, E. et al. Judo: didattica dello "speciale" - La transizione in piedi a terra. <http://judodebase.blogspot.com.br/2015/12/didattica-dello-speciale-3-e-4.html>

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