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World Championships Cadets Almaty 2019: análise técnico-tática das medalhistas


Nesta segunda postagem sobre as análises dos campeonatos mundiais de 2019 as medalhistas do World Championships Cadets realizado em Almaty (KAZ) serão analisadas.


Houve um razoável balanceamento entre a quantidade de pontos conquistados com projeções para frente e projeções para trás, sendo que 17 medalhistas pontuaram em ambas as direções.
A maior parte das pontuações conquistadas pelas medalhistas foram com técnicas de domínio no solo, sendo que 22 atletas (69%) pontuaram com este tipo de técnicas.

Nas pontuações conquistadas via técnicas de projeção, ashi-waza foram mais frequentes (34%), seguidas por sutemi-waza (29%), te-waza (24%) e koshi-waza (12%).
Sumi-otoshi foi a técnica que gerou maior quantidade de pontuações, tendo sido utilizada eficientemente por oito medalhistas.

Conforme apontado em análises anteriores, mais da metade das projeções efetivas partiram das configurações de pegada tradicional (30%) ou alta (24%).


Um em cada três pontuações por nage-waza ocorreram em ataques realizados durante a disputa de pegada, enquanto ambas buscavam o ajustar sua pegada e encontraram resistência da oponente.


Ataques oportunistas também geraram um terço das projeções efetivas, com kaeshi-waza (24%), go-no-sen (7%) e transição ne-waza para tachi-waza (1%).
Metade das medalhistas pontuou usando estes tipos de ataques. Habibe Afyonlu (TUR, -63 kg), por exemplo, conquistou 2 wazari e 1 ippon com contragolpes na sua trajetória para a medalha de ouro.

Entre os pontos conquistado com técnicas de domínio, 88% foram conquistados por meio de imobilizações e 12% via estrangulamento.


Passagens no solo realizadas logo após a tentativa de projeção foi a forma mais frequente de pontuações no ne-waza. A maior parte destas passagens foi executada iniciando com o oponente na posição decúbito ventral.
Nas imagens acima, destaque para a atleta Rin Eguchi (JPN, -57 kg,) que venceu 4 combates executando a mesma passagem, e Mariam Amkhadova (RUS, -52 kg), que ganhou 3 lutas com a mesma variação de sankaku.


As técnicas de “saída” da meia-guarda foram necessárias em 29% das transições efetivas destas medalhistas.
Hikari Yoshioka (JPN, -48 kg) utilizou este recurso em todas as cinco pontuações por imobilização que conquistou no campeonato.


Nota: Os dados apresentados neste post foram coletados a partir do vídeos disponíveis no site www.judobase.org. As fotos fazem parte da galeria de imagens disponíveis no site www.ijf.org.
As informações apresentadas são uma análise descritiva, com valores absolutos e/ou relativos de alguns aspectos analisados nos vídeos disponíveis. Ainda que tenham sido apresentados alguns comentários, cabe ressaltar que não foram realizadas análises de probabilidade ou análises estatísticas inferenciais.

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