Seguindo as postagens sobre os campeonatos mundiais de judô da temporada 2019, este levantamento irá apresentar os aspectos técnico-táticos das ações efetivas dos medalhistas no Campeonato Mundial Sênior Tokyo 2019.
Ao analisar as direções de ataque, a maior parte dos pontos foi conquistado com técnicas desequilibrando os adversários para frente. Embora as pontuações com técnicas de domínio sejam menos frequentes que as técnicas de projeção, mais da metade dos medalhistas (16 atletas) conquistou pontuações com este grupo de técnicas.
Ao ampliar as análises das direções das técnicas de projeção em 4 direções (frente direita, frente esquerda, trás direita e trás esquerda), um aspecto bastante interessante é observado: dois medalhistas pontuaram nas 4 direções, dezesseis pontuaram em 3 direções, oito em 2 direções e apenas dois (ambos da categoria +100 kg) pontuaram em apenas 1 direção.
Assim, uma quantidade considerável dos medalhistas (64%) conseguiu projetar seus oponentes em 3 ou 4 direções, gerando maior imprevisibilidade em seus ataques no combate em pé (tachi-waza).
Sumi-otoshi e uchi-mata foram as técnicas que mais geraram pontuações para este grupo de atletas. Treze medalhistas pontuaram executando o sumi-otoshi, enquanto oito atletas foram efetivos na execução do uchi-mata. Ao todo, os medalhistas desta edição do Campeonato Mundial pontuaram com 42 técnicas e variações de técnicas de projeção.
Ao analisar as técnicas efetivas pela classificação tradicional do judô, 40% foram técnicas de braço (te-waza), 37% técnicas de perna (ashi-waza), 13% técnicas de sacrifício (sutemi-waza) e 10% técnicas de quadril (koshi-waza).
A maior parte das projeções efetivas foi executada com pegadas altas, mas as pegadas tradicional, cinturando e cruzada também foram bastante frequentes.
Os ataques realizados durante as disputas de pegada totalizaram 28% das pontuações via nage-waza, o que parece reforçar a relevância do desenvolvimento técnico-tático em movimento e reagindo rapidamente (velocidade de reação e tomada de decisão) assim que o tori conquista o posicionamento/pegada adequados para o ataque.
No exemplo acima, Maruyama (-66 kg) projeta seu oponente no combate final durante a disputa de pegada.
Dezesseis medalhistas garantiram pontos por meio de ataques oportunistas, o que representou 27% dos pontos conquistados via nage-waza.
Embora os contragolpes (kaeshi-waza) tenham sido as técnicas oportunistas mais frequentes (31 pontos), ataques via go-no-sen (7 pontos) e transição ne-waza para tachi-waza (2 pontos) também ocorreram.
No vídeo acima, Nagayama (-60 kg) executa um suwari-seoi-nage em go-no-sen, i.e., logo após o ataque de seu adversário.
Entre as técnicas de domínio, as técnicas de imobilização foram as mais frequentes (71%), seguidas pelas técnicas de estrangulamento (17%) e técnicas de chave articular (13%).
As transições após ataque falho representaram metade (12 pontos) das ações efetivas no solo, seguidas pelas transições em sequência após o ataque em pé (7 pontos), imobilizações executadas diretamente após a projeção (4 pontos) e outras formas (1 ponto).
Outro aspecto que vem sendo apontado nas análises das transições dos medalhistas mundiais é a execução de técnicas de saída da meia-guarda. Entre os atletas aqui analisados, estas técnicas foram executadas em 6 das pontuações conquistadas no solo (25%).
No exemplo acima, Lukas Krpalek (+100 kg) venceu seus dois primeiros combates realizando transições após o ataque falho e também usando técnicas de saída da meia-guarda para conseguir imobilizar seus oponentes.
Nota: Os dados apresentados neste post foram coletados a partir do vídeos disponíveis no site www.judobase.org. As fotos fazem parte da galeria de imagens disponíveis no site www.ijf.org.
As informações apresentadas são uma análise descritiva, com valores absolutos e/ou relativos de alguns aspectos analisados nos vídeos disponíveis. Ainda que tenham sido apresentados alguns comentários, cabe ressaltar que não foram realizadas análises de probabilidade ou análises estatísticas inferenciais.
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