Pular para o conteúdo principal

Tashkent GS 2021 - variabilidade dos campeões

Nas análises dos eventos do IJF World Tour postadas neste blog, a variabilidade técnico-tática das ações efetivas dos atletas têm considerado os seguintes parâmetros:

  • Técnica: considerando não só a classificação oficial da modalidade, mas também indicando variações com diferenças biomecânicas relevantes (ex: suwari-seoi-nage, kata-otoshi, etc.);
  • Direção: considerando o desequilíbrio do uke, sendo 4 possibilidades: frente e trás direita, frente e trás esquerda;
  • Pegada: formas como o atleta segurava no judogi do oponente no momento do ataque efetivo;
  • Formas de ataque ou transição: ações anteriores que permitiram a realização do ataque efetivo (entenda mais lendo o post anterior).

Obviamente existem vários outros parâmetros que poderiam ser monitorados. Estes quatro indicadores foram selecionados dado a agilidade na análise de desempenho e sua possível transferência para a preparação técnico-tática de atletas que buscam resultados no alto nível da modalidade.

Vejamos como os campeões do Tashkent Grand Slam 2021 conquistaram os pontos em seus combates:


Técnicas

O-uchi-gari foi a técnica mais efetiva entre os campeões, sendo utilizada por cinco atletas deste grupo (Parlati, Tashiro, Arai, Nagasawa e Sone).

Os campeões com maior variabilidade técnica neste evento foram Nagasawa e Nikiforov, que pontuaram em seus combates com 6 técnicas diferentes (considerando técnicas de projeção e domínio).


Direção

Os campeões apresentaram maior variação de direções de desequilíbrio nas técnicas efetivas de projeção em relação às campeãs.
Dentre eles, 5 atletas conseguiram projetar seus oponentes em três direções diferentes: Nikiforov, Nagasawa, Parlati, Nagayama e Tsend-ochir.


Pegada


Nikiforov foi o atleta que se destacou neste parâmetro, conseguindo projetar seus oponentes segurando com 5 configurações diferentes de pegada: alta, cinturando, cruzada, cruzada-alta e apenas 1 mão na gola.

O tipo de pegada mais utilizada foi a pegada tradicional (uma mão segurando na manga e a outra segurando a gola próximo ao ombro do oponente).

Formas de ataque

Nagasawa foi o campeão que mais variou neste parâmetro, projetando seus oponentes com 5 formas diferentes: durante a disputa de pegada, kaeshi-waza, renraku-henka-waza, 1 mão estabilizada e 2ª atacando, e imediatamente após estabelecer a pegada.

Kaeshi-waza foi a forma de ataque mais frequente para pontuar em tachi-waza, sendo utilizada por 10 campeões. 

Transições

Além de ter sido a campeã que mais pontou com técnicas de domínio, Umeki foi também a que utilizou mais formas de transições para executar estas técnicas, totalizando 3 formas de transições efetivas: transição direta, transição sequencial e transição oportunista.
As transições sequenciais foram as mais frequentes no grupo analisado, gerando pontuações para nove campeões do evento.



Aprenda a fazer este tipo de análise no minicurso: https://go.hotmart.com/L48866393T?dp=1



Nota: Os dados e gifs apresentados neste post foram coletados a partir do vídeos disponíveis no site www.ippon.orgAs informações apresentadas são uma análise descritiva, com valores absolutos e/ou relativos de alguns aspectos analisados nos vídeos disponíveis. Ainda que tenham sido apresentados alguns comentários, cabe ressaltar que não foram realizadas análises de probabilidade ou análises estatísticas inferenciais.



Comentários

Postar um comentário

Postagens mais acessadas no mês

Cada ataque conta: análise detalhada das ações que decidiram os ouros no Mundial Sênior 2025

 Desde 2017, tenho postado algumas análises de medalhistas em Campeonatos Mundiais de Judô. A primeira análise foi bastante simplificada, apresentando uma tabela com as técnicas e direções de ataque que os/as 14 campeões/campeãs do Mundial Senior Budapeste 2017 usaram em suas pontuações conquistadas neste evento .  De lá para cá, outros parâmetros foram incluidos nas postagens sobre esta temática, sempre buscando apresentar uma análise descritiva focada na variabilidade técnica das ações efetivas (i.e., ações que geraram pontuações) dos medalhistas dos Mundiais Sênior, Júnior, Cadete e de alguns outros eventos do IJF World Judo Tour. Alguns destes levantamentos se desdobraram em artigos acadêmicos: 2020: Observational analysis of the variability of actions in judo: the key for success? 2024: "The MacGyver solution": using no-code app to tracking sport technical-tactical profile 2025: The Final Battle! Variability of Performance of Finalists in World Judo Championships Buscand...

Hajime-matte model

 Modelo descrito pelo ex-diretor técnico da GBR, Nigel Donohue, apresentando uma proposta de organização de aspectos técnico-táticos dos combates de judô.  O gerenciamento do combate é um dos pontos apresentados, exemplificando de forma interessante o conceito. Acesse o artigo no site judotraining.info  

IPPON - Programa de aquecimento para atletas de judô

Em artigo recente publicado na BMJ Open Sport & Exercise Medicine , von Gerhardt e colaboradores apresentam um programa de aquecimento específico para atletas de judô visando o desenvolvimento da flexibilidade, agilidade, equilíbrio, coordenação, força e estabilidade. IPPON - Injury Prevention and Performance Optimization Netherlands O programa foi desenvolvido por um grupo de transferência de conhecimentos composto por 14 profissionais (médicos, fisioterapeutas, treinadores, gestores e pesquisadores). Neste artigo, os autores apresentam uma proposta de programa que posteriormente terá sua eficácia e viabilidade analisada em um estudo randomizado controlado. A proposta do programa é contribuir na prevenção de lesões de ombros, joelhos e tornozelos, incluindo duas vezes por semana 12 exercícios (de uma lista de 36) no aquecimento. Os autores disponibilizaram uma lista com a versão final dos exercícios selecionados na qual é possível clicar em cada exercício e ter acesso aos vídeos ...