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World Championships Juniors 2021 - análises dos(as) medalhistas

A última postagem de 2021 tinha que fazer jus ao nome do blog e trazer informações sobre atletas das categorias de base. 
Em outubro de 2021, Olbia (Sardenha – Itália) recebeu 490 atletas de 72 países para a disputa do Campeonato Mundial Júnior. Seguindo uma das propostas do blog (análise de desempenho), veremos alguns levantamentos de aspectos técnico-táticos dos(as) medalhistas (masculino e feminino):

Entre os medalhistas do sexo masculino, a maior parte das pontuações foi conquistada com técnicas projetando os oponentes para frente (em azul: 74 pontos), seguida por técnicas projetando para trás (em laranja: 54 pontos) e técnicas de ne-waza (em cinza: 17 pontos). 
Pouco menos da metade dos medalhistas (13 atletas) apresentou um sistema de ataque efetivo que gera maior imprevisibilidade para seus oponentes, pontuando em 3 ou 4 direções de desequilíbrio. O tcheco Daniel Pochop (bronze, -73 kg) foi um dos atletas que apresentou um sistema de ataque efetivo nas quatro direções, pontuando com o-uchi-gari, sumi-gaeshi, uki-waza, ura-nage, sumi-otoshi e tsurikomi-goshi.

A ordem de frequência das pontuações entre as mulheres medalhistas foi um pouco diferente do masculino, com maior quantidade de pontuações com técnicas desequilibrando para frente (em azul: 56 pontos), seguido por técnicas no ne-waza (em cinza: 41 pontos) e pelas técnicas de projetando para trás (em laranja: 39 pontos). 
Outro aspecto diferente do grupo feminino em relação aos homens medalhistas foi que apenas cinco atletas apresentaram um sistema de ataques pontuando em 3 (nenhuma medalhistas pontuou em 4 direções). Por outro lado, dois terços das medalhistas pontuaram no ne-waza, como a brasileira Rafaela Batista (bronze, -48 kg) que conquistou 3 pontos no ne-waza.

Nove medalhistas pontuaram com a técnica uchi-mata, que foi a técnica que gerou maior quantidade de pontos para o grupo feminino. A campeã da categoria -78 kg, Anna Olek (GER) conquistou dois pontos com esta técnica.

Sumi-otoshi foi a técnica de projeção que gerou maior quantidade de pontuações para os medalhistas do sexo masculino, tendo sido utilizada por 15 atletas. O turco Ulmat Demirel conquistou 3 pontos com sumi-otoshi ao longo de sua caminhada para conquistar a medalha de prata na categoria -73 kg. 
Embora o sumi-otoshi venha aparecendo frequentemente nas análises de desempenho como uma das técnicas que mais geram pontuações, é provável que as novas regras divulgadas para o ciclo 2022-2024 (especialmente a decisão 5) façam com que menos atletas pontuem com esta técnica.

No momento da pontuação com técnicas de projeção, as configurações de kumi-kata alta e tradicional aparecem com grande frequência em ambos os sexos, embora outra tipo de configuração (cinturando) seja a forma mais frequente entre os homens. 
Observando a variabilidade das configurações de kumi-kata, o destaque do feminino foi a holandesa Joanne Van Lieshout (ouro, -63 kg), que pontuou com 4 tipos de kumi-kata diferentes (manga-manga, alta, cinturando e tradicional). No masculino, o medalhista de bronze na categoria -66 kg Yevhen Honcharko (UKR) conseguiu pontuar com 5 configurações de kumi-kata diferentes (cruzada, manga-manga, tradicional, alta e cinturando).

As formas de ataque mais utilizadas nas pontuações em nage-waza pelos medalhistas do sexo masculino foram ataques com o domínio do kumi-kata e contragolpes (kaeshi-waza). Estas foram as formas mais utilizadas, respectivamente, pelos campeões das categorias +100 kg (Saba Inaneishvili, GEO) e -90 kg (Peter Safrany, HUN).

Saba Inaneishvili conquistou 3 pontos com ataques dominando o kumi-kata.

Peter Safrany pontuou 4 vezes com kaeshi-waza

Entre as mulheres, os ataques durante a disputa de kumi-kata foi a forma de pontuação com nage-waza mais frequente. Uma das medalhistas que mais pontuou com esta forma de ataque foi a croata Lara Cvjetko (prata, -70 kg), que conquistou quatro pontos em ataques durante a disputa de kumi-kata.

Lara Cvjetko conquistou 4 pontos atacando durante a disputa de kumi-kata.

A imobilização yoko-shiho-gatame foi a técnica de domínio que gerou maior quantidade de pontos para medalhistas de ambos os sexos. Onze mulheres e cinco homens medalhistas pontuaram com esta técnica.

Transições oportunistas e sequenciais foram as formas mais utilizadas para as medalhistas do feminino (14 e 12 pontos). Entre os homens medalhistas, as transições oportunistas e diretas foram as mais efetivas (7 pontos em ambas). 
A brasileira Luana de Carvalho (bronze, -70 kg) venceu dois combates com transições oportunistas e um com transição sequencial.

Luana de Carvalho realiza uma transição oportunista em seu primeiro combate.

Em quatro combates, o ucraniano Artem Bubyr (bronze, -81 kg) conseguiu pontuar 3 vezes com transições diretas e 1 vez com transição oportunista.

Artem Bubyr vencendo a disputa de bronze realizando uma transição direta.



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Nota: Os dados e gifs apresentados neste post foram coletados a partir do vídeos disponíveis no site www.ippon.org. As informações apresentadas são uma análise descritiva, com valores absolutos e/ou relativos de alguns aspectos analisados nos vídeos disponíveis. Ainda que tenham sido apresentados alguns comentários, cabe ressaltar que não foram realizadas análises de probabilidade ou análises estatísticas inferenciais.

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